domingo, 8 de novembro de 2009

A Unificação Alemã


I. Introdução

A Unificação Alemã está inserida no processo histórico denominado "Unificações Tardias", que foi a formação de estados soberanos que ocorreram no fim do século XVIII.
Em tais processos não se levava em consideração apenas a união física dos territórios, mas era vital também a união da língua, cultura e, principalmente, do sentimento patriótico.

I.i. Contexto Histórico e motivos

A Unificação da Alemanha sofreu influência do Congresso de Viena (1815), que formou, a partir da Confederação do Reno (união de estados germânicos feita por Napoleão após a derrubada do Sacro Império Romano Germânico), a Confederação Germânica, constituída por 39 estados de origem saxã (e de maioria Austríaca).

Áustria e Prússia disputavam a hegemonia do bloco, porém, dificilmente a Áustria conseguiria ou desejaria a unificação, visto que o império austríaco era muito heterogêneo, o que, inevitavelmente, levaria a muita segregações; já na vice-liderança, a Prússia queria construir um grande estado germânico para expandir ainda mais sua crescente economia industrializada.

A Áustria possuía o maior eleitorado da Confederação, era uma monarquia absolutista com base econômica tipicamente agrária.

Já a Prússia era uma monarquia liberal, fortemente industrializada e, conseqüentemente, possuidora de uma forte burguesia. Além de existir uma elite aristocrática, os Junkers, que eram nobres com mentalidade capitalista/burguesa, que uniram-se à burguesia industrial.


II. Início dos movimentos pró-unificação

Em 1834, a Prússia cria o Zollverein, uma união aduaneira (mais ou menos como é o Mercosul), onde foram extintas as taxas alfandegárias entre os países Germânicos. Essa união favoreceu mais efetivamente a Prússia, visto que seus produtos industrializados correriam mais livremente pelos Estados Confederados.

A Áustria, antiga rival da Prússia, não foi convidada, a princípio, para participar do tratado econômico, mas logo fez pressão e conseguiu entrar.
Nota-se nesse caso, a unificação econômica vindo antes da unificação política.

II.i. Otto e a política do "ferro e sangue"

Em 1860, Otto Von Bismack é eleito Chanceller (espécie de primeiro-ministro) da Prússia, e será o condutor do processo de unificação.
Bismarck era um Junker, acreditava que a "união entre irmãos" só se daria em momentos de "ferro e sangue", ou seja, a união só viria em uma situação em que um necessitasse do outro em, principalmente, um problema militar.

Então, Bismarck iniciou a militarização da Prússia de uma maneira célere. Essa militarização não foi só no ponto de vista de armamentos, foi no âmbito ideológico também, tornando a população prussiana mais obediente ao Estado e, conseqüentemente, formando um exército mais disciplinado e organizado.

Por ser um Junker, Bismarck incentivou a industrialização prussiana, o que fortaleceu ainda mais a burguesia. Em pouquíssimo tempo a Prússia montou uma base industrializada muito pertinente, inclusive no desenvolvimento da indústria bélica.


III. O Processo de Unificação

A Unificação Alemã pode ser dividida em 3 partes:

A primeira fase foi marcada pela Guerra dos Ducados (regiões de terras com um líder nobre - Duque), que ocorreu por volta de 1866.

Na Dinamarca haviam três ducados de população alemã que foram reclamados pela Prússia, porém não foram entregues e isso gerou o conflito armado. A Prússia chamou a Áustria para lutarem juntos contra a Dinamarca, prometendo a partilha dos ducados ao fim da guerra.
Bismarck foi genioso ao projetar todo o processo de unificação. Já estava em seus planos incitar a Áustria de alguma forma.
A Prússia, como planejava, não cedeu a parte prometida à Áustria, rendendo matéria-prima para uma nova guerra. Além disso, a Prússia reconheceu o recém formado Reino da Itália, construído pela desintegração de parte do território austríaco.

E, de fato, em 1866, ocorre a Guerra das Sete Semanas, tendo a Prússia derrotado a Áustria facilmente. Com isso, Bismarck dissolveu a Confederação Germânica e formou a Confederação Germânica do Norte, sob hegemonia prussiana, excluindo a Áustria. A França se opôs à nova Confederação realizada por Bismarck e pressionou a Áustria (região sul) a fim de não se unir à Confederação do Norte.
Bismack utilizou-se desse pretexto e de outras invenções para fazer com que a França declarasse guerra à Confederação Germânica.

Em 1870, eclode a Guerra Franco-Prussiana, que uniu norte e sul contra o inimigo comum. A vitória da Prússia foi rápida e humilhante para a França, e como conseqüências dessa derrota, o país sofreu algumas imposições do tratado de paz imputado pela vencedora (Paz de Frankfurt): Napoleão III (Luís Bonaparte) abdicou, sendo preso e proclamando-se a Terceira República Francesa; foi obrigada a pagar uma grande indenização por danos e gastos de guerra; cederia os territórios da Alsácia-Lorena (ricos em carvão e ferro); e, como deboche direto, a festa da vitória prussiana e a celebração da formação do II Reich Alemão (o primeiro foi o Sacro Império Romano Germânico e o terceiro foi quase consumado por Adolf Hitler no século XX - Segunda Guerra Mundial) deu-se na sede do governo francês, o Palácio de Versalhes.

Toda essa humilhação fez nascer um ódio aos alemães por parte da França, o chamado Revanchismo Francês, que recrudesceu bastante ao longo de décadas e foi fator incisivo para a eclosão da Primeira Guerra Mundial.

Veja aqui como ocorreram as mudanças no território germânico ao longo do processo.

Fonte: http://cafeehistoria.blogspot.com/2009/06/unificacao-alema_03.html

by Charles...

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