quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Um pouco sobre a vida e obra de Carlo Ginzburg

por Charles Moisés Müller

O historiador italiano Carlo Ginzburg, especialista na análise dos processos da Inquisição nos séculos XVI e XVII, é conhecido do público brasileiro por seus livros O queijo e os vermes (1987), Os andarilhos do bem (1988) e Mitos, emblemas, sinais (1989), todos traduzidos e publicados pela Companhia das Letras. Professor da Universidade de Bolonha e da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

Nasceu em Turim em 1939, numa família de judeus assimilados e intelectuais, tanto do lado paterno quanto materno. Seu pai era professor de literatura russa, mas em 1932, quando os fascistas exigiram que os professores jurassem fidelidade ao regime, pediu demissão. Em 1934 entrou na conspiração antifascista e tomou-se líder de um grupo em Turim que tinha ligações com a França. Foi preso e passou dois anos na cadeia. Quando saiu, foi um dos fundadores da Editora Einaudi, junto com Cesare Pavese. Logo depois que começou a guerra, em 1940, como era muito vigiado, foi confinado numa cidadezinha nos Abruzzi. A família foi junto, e passou sua primeira infância, até 1943, nesse lugarejo. Nesse ano o rei destituiu Mussolini, e seu pai voltou para Roma, que estava ocupada pelos alemães. Sempre ligado à conspiração antifascista, foi preso e morreu na prisão alemã em Roma em 1944.

Sua mãe, Natalia Ginzburg, Levi em solteira, era filha de um histologista muito conhecido e importante, professor da Universidade de Turim. Três dos alunos de seu avô receberam o prêmio Nobel, o que é um número significativo.

Depois da guerra, sua mãe recomeçou a escrever. É uma romancista muito conhecida, e seus livros foram traduzidos em vários países, inclusive no Brasil. Também escreveu para teatro e tem um livro chamado Lexico familiar, uma espécie de autobiografia, uma história de sua família, em que ela própria aparece pouco, mas fala do pai dela e dos outros.

Começou seus estudos em Turim, depois Roma, e fez a universidade em Pisa, na Scuola Normale Superiore, que era uma espécie de cópia da École Normale Supérieure francesa. Era o mesmo tipo de instituição, extremamente seleta do ponto de vista cultural, com um rigoroso concurso de admissão. A escola oferecia seminários nas áreas de matemática, física, letras ou humanidades. Não eram ciências humanas, porque não havia sociologia ou antropologia. Mas havia história. Acontece que os alunos da Scuola Normale seguiam também os cursos da Universidade de Pisa. Além dos exames na universidade, havia os seminários da escola, era um programa muito puxado. Ele freqüentava a Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Pisa, mas fez sua dissertação em história.

Obras:
O Queijo e os Vermes, Baltimore, 1980;
A Noite das Batalhas: O Feiticeiro e o Cultivo Agrário nos Séculos XVI e XVII, Baltimore, 1983;
O enigma de Pierre Dell França, Londres, 1985 (Edição revista, 2000);
Guias, Mitos e o Método Histórico, Baltimore, 1989;
História Noturna: decifrando o Sabá, Nova Iorque 1991;


Bibliografia:
www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/78.pdf

http://www.sscnet.ucla.edu/history/ginzburg/

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