quarta-feira, 14 de abril de 2010

BATISMO DE SANGUE

Ficha técnica:

Título original: Batismo de Sangue
Gênero: Drama
Duração: 01 hs 50 min
Ano de lançamento: 2007
Direção: Helvécio Ratton
Roteiro: Dani Patarra e Helvécio Ratton, baseado no livro "Batismo de Sangue", de Frei Betto
Produção: Helvécio Ratton
Música: Marco Antônio Guimarães
Fotografia: Lauro Escorel
Direção de arte: Adrian Cooper
Figurino: Marjorie Gueller e Joana Porto
Edição: Mair Tavares

Elenco:
Caio Blat (Frei Tito) Daniel de Oliveira (Frei Betto)
Cássio Gabus Mendes (Delegado Fleury)
Ângelo Antônio (Frei Oswaldo)
Léo Quintão (Frei Fernando)
Odilon Esteves (Frei Ivo)
Marcélia Cartaxo (Nildes)
Marku Ribas (Carlos Marighella)
Murilo Grossi (Policial Raul Careca)
Renato Parara (Policial Pudim)
Jorge Emil (Prior dos dominicanos)
Sinopse:
No dia 31 de março de 1964, os militares chegaram ao poder no Brasil através de um golpe de estado, implantando uma ditadura que durou até 1985 e colocou fim ao mandato do presidente João Goulart (Jango), que por sua vez havia assumido o cargo após a renúncia de Jânio Quadros, ambos eleitos democraticamente em 1960.
Em 1968, o então presidente Arthur da Costa e Silva promulgou o Ato Institucional número 5 (AI-5) que cassou mandatos de deputados, senadores, prefeitos e governadores, fechou o Congresso Nacional por tempo indeterminado e proibiu reuniões e manifestações públicas, entre outros abusos contra os direitos democráticos dos cidadãos brasileiros.
Inconformados com essa situação, grupos de esquerda, que haviam sido levados à clandestinidade, partiram para o confronto e implantaram no país um movimento guerrilheiro que tinha como objetivo derrubar os militares do poder. Em contrapartida, o regime endureceu ainda mais a perseguição aos opositores, mergulhando o país num período de trevas, no qual milhares de brasileiros foram presos e torturados até a morte, enquanto outras centenas desapareceram.
Batismo de Sangue é baseado no livro de memórias homônimo escrito por Frei Betto, que ganhou em 1985 o Jabuti, principal prêmio literário do Brasil, e conta a história de Frei Tito e o envolvimento de frades dominicanos com o líder revolucionário Carlos Marighella, executado a tiros pelo truculento delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos cabeças das forças de repressão.
Juntamente com seus colegas de seminário, Tito foi preso e barbaramente torturado. Mesmo depois de libertado e enviado para o Chile como parte de um grupo de presos políticos trocados pelo embaixador suíço Giovani Bucher, Tito jamais conseguiu se livrar dos fantasmas de seus torturadores e, anos depois, vivendo num convento na França, decidiu pôr fim ao seu martírio cometendo suicídio por enforcamento.
O filme tem muitos pontos que merecerem destaque. Um deles é a segura direção de Helvécio Ratton (o mesmo de O Menino Maluquinho e Uma Onda no Ar), que viveu esse período da história e participou ativamente da luta contra a repressão, sendo inclusive obrigado a se exilar no Chile.
Ele decidiu filmar Batismo de Sangue com alto grau de realismo, para mostrar toda a intensidade dramática e física daqueles acontecimentos. Diferentemente de outros filmes sobre o período, o diretor quis que as cenas de tortura não fossem apenas ilustrativas, mas sim que fizessem parte da estrutura dramática da história. As cenas são fortes, chocantes. Incomodam e nos fazem refletir sobre a baixeza do ser humano, que pode chegar ao ponto de encher um semelhante de pancadas para obter informações que possam mudar o rumo da história.
A fotografia, a cargo de Lauro Escorel, é outro dos pontos positivos. O filme se inicia com cores fortes, que vão sumindo à medida que as sombras se impõem, chegando quase ao preto-e-branco no ápice do sofrimento dos frades, prevalecendo apenas o vermelho, simbolizando o sangue. Então as cores voltam gradualmente à medida que a vida deles recobra a “normalidade” dentro das prisões.
A escolha do elenco também foi perfeita. O diretor queria que os intérpretes estivessem na mesma faixa etária na qual os frades se encontravam quando foram presos. Para isso convidou Caio Blat, Daniel de Oliveira, Léo Quintão e Odilon Esteves para os papéis dos freis Tito, Betto, Fernando e Ivo, respectivamente. Resolvida essa questão, faltava decidir quem viveria outros dois importantes personagens da trama: o delegado Fleury e o líder Marighella. Por sugestão da atriz Patrícia Pillar, de quem é amigo, Ratton convidou Cássio Gabus Mendes para encarnar o “papa”, como Fleury era conhecido entre seus subordinados. E para o papel de Marighella a surpreendente escolha recaiu sobre o músico mineiro Marku Ribas. É impressionante a semelhança física dos dois com os verdadeiros personagens.
Resta ainda destacar a brilhante reconstituição de época a cargo de Adrian Cooper (direção de arte), Marjorie Gueller e Joana Porto (figurinistas). As cenas originalmente ambientadas em São Paulo foram transferidas para Belo Horizonte, onde a produção recriou a Alameda Casa Branca, na qual Marighella foi executado. Os corredores e salas da USP onde os frades estudavam ganharam vida num prédio abandonado no qual funcionava a antiga Faculdade de Farmácia e o DOPS foi recriado em estúdio na cidade de Sabará, próxima a BH.
Todos os sobreviventes envolvidos na trama ficaram impressionados com a semelhança com os locais originais. A equipe só saiu de Minas Gerais para filmar a cena das prisões do frades no Rio de Janeiro e algumas externas na França, no convento no qual Tito cometeu o suicídio.
Com todos esses predicados, Batismo de Sangue se tornou um filme obrigatório para aqueles que pretendem conhecer um pouco sobre este sombrio período de nossa história recente.

Postado por: Claudia Zelini Diello
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/batismo-de-sangue




Nenhum comentário:

Postar um comentário