quarta-feira, 31 de março de 2010

Comemoração da Morte de Cristo

Comemoração da Morte de Cristo, Refeição Noturna do Senhor, Ceia do Senhor ou simplesmente Memorial são termos usados pelas Testemunhas de Jeová para se referirem àquela que consideram ser a mais importante celebração do ano, a única cujo aniversário se sentem na obrigação religiosa de comemorar. Trata-se de uma celebração em memória da morte de Jesus Cristo, que aceitam como o Filho de Deus. Outras denominações cristãs costumam referir-se a esta celebração pelo termo Eucaristia, no entanto, a cerimônia assume contornos bastante diferentes entre as Testemunhas.

Objetivo
A Comemoração da Morte de Cristo visa essencialmente recordar o que as Testemunhas consideram ser os maiores actos de amor jamais realizados, a saber, a entrega voluntária da vida de Jesus, em sacrifício, para redenção da humanidade e, acima de tudo, a dádiva do Pai, Jeová Deus, ao enviar o Seu Filho à Terra para esse propósito, conforme entendem de versículos tais como:
    João 3:16
"Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna." (Tradução do Novo Mundo)

    Mateus 20:28
"Assim como o Filho do homem não veio para que se lhe ministrasse, mas para ministrar e dar a sua alma como resgate em troca de muitos." (TNM)

As Testemunhas entendem ainda que a Comemoração destaca a vida íntegra de Jesus, em defesa da Soberania Universal de Jeová, tendo sido ele recompensado com a ressurreição para uma vida imortal e gloriosa nos céus, aguardando à direita do Pai o momento de assumir o reinado sobre a Terra.

Utilização do termo Comemoração
Para alguns, o termo "comemoração" traz à ideia uma festa efusiva de diversão. No entanto, segundo a 7ª edição do dicionário Porto Editora, editado em Portugal, a palavra "comemorar" significa:
"fazer recordar, trazer à memória, solenizar para recordar; lembrar. (do latim commemorare, 'lembrar')"

Assim, o termo usado pelas Testemunhas visa "trazer à memória" e recordar solenemente o que consideram ter sido o mais nobre dos actos, a oferta voluntária da vida de Jesus Cristo. Tal como muitos países e instituições comemoram os aniversários do nascimento ou morte dos seus maiores heróis ou figuras de destaque, as Testemunhas consideram especialmente importante comemorar solenemente a morte daquele a quem consideram ser o Salvador da Humanidade. Encaram esta comemoração ou celebração, não como um momento de diversão banal mas, antes, como uma cerimônia solene, que convida à meditação e reflexão. Apesar do respeito e reverência com que encaram a ocasião, sentem-se particularmente felizes e alegres em estar presentes, visto que a morte e ressurreição de Jesus confere-lhes a esperança de um futuro brilhante, durante uma vida eterna.

Início da celebração
Visto que crêem na Bíblia, as Testemunhas remetem para os evangelhos a origem e instituição desta Comemoração.

Segundo o relato bíblico, Jesus, como judeu que era, celebrava anualmente a Páscoa judaica. Esta cerimónia recordava os acontecimentos da noite de 14 do mês de Nisã, ocorridos mais de quinze séculos antes, quando os hebreus então cativos no Egipto foram libertos sob a liderança de Moisés. Nessa noite, todos os israelitas foram instruídos a abaterem um cordeiro que deveria ser o alimento de cada família e cujo sangue deveria ser usado para marcar as ombreiras das portas. Esta marca livraria as casas assinaladas da morte de cada primogênito às mãos de um anjo executor que as passaria por alto. A própria palavra Páscoa deriva-se do antigo vocábulo hebraico pésach, ou "passar por alto" [em inglês, passover]. A morte dos primogênitos entre os egípcios, ou seja, a décima praga, acabou por levar o Faraó a deixar partir os cativos. Segundo as instruções divinas, esta libertação deveria ser comemorada por repetir a refeição daquela noite. Assim, por muitos séculos, a cada dia 14 de Nisã, pouco depois do pôr do sol (início do dia entre os judeus) os judeus tomavam esta refeição pascal e relembravam a libertação da escravidão no Egipto. Visto que, tanto Jesus como os seus doze apóstolos eram judeus, eles se reuniram para a Páscoa anual, refeição altamente simbólica. Era constituída por cordeiro assado, pão não fermentado (para recordar o precipitado êxodo ou fuga dos israelitas que não permitiu sequer que o pão levedasse) e ervas amargas (para lembrar a dura escravidão). A refeição era acompanhada de vinho.

Segundo o entendimento das Testemunhas, no final desta refeição pascal, Jesus mandou embora Judas Iscariotes, permanecendo na sala com os restantes onze apóstolos. Então, conforme o relato de Lucas 22:19, 20 (TNM), ele distribuiu entre eles um pouco do pão não levedado da Páscoa, dizendo:
"Isto significa meu corpo que há de ser dado em vosso benefício."
A seguir, Jesus fez passar um copo de vinho, dizendo:
"Este copo significa o novo pacto em virtude do meu sangue, que há de ser derramado em vosso benefício."
Ele disse também:
"Persisti em fazer isso em memória de mim."
Assim, esta última ceia, tomada talvez por volta das nove ou dez da noite, acabou por ser em antecipação da sua morte visto que Jesus morreu às três horas da tarde desse mesmo dia (do ponto de vista do calendário judaico).
O apóstolo Paulo, ao escrever aos cristãos em Corinto, descreveu esta cerimônia instituída por Jesus da seguinte forma:
    1 Coríntios 11:23-26
"Pois eu recebi do Senhor o que também vos transmiti, que o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou um pão, e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: "Isto significa meu corpo em vosso benefício. Persisti em fazer isso em memória de mim." Ele fez o mesmo também com respeito ao copo, depois de tomar a refeição noturna, dizendo: "Este copo significa o novo pacto em virtude do meu sangue. Persisti em fazer isso, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim." Pois, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este copo, estais proclamando a morte do Senhor, até que ele chegue.

Assim, as Testemunhas entendem que a Comemoração da Morte de Cristo substituiu a celebração da Páscoa, deixando aquela cerimônia de ter qualquer significado para os cristãos. Para os seus seguidores, Jesus era o próprio cordeiro pascal que nesse mesmo dia seria sacrificado, e cujo sangue resultaria na libertação ou salvação dos crentes. As Testemunhas realizam anualmente esta cerimônia, não como um mero ritual formalístico, mas atribuindo-lhe importância central na sua forma de adoração.

Como realizam a Comemoração
Nessa reunião anual, as Testemunhas de Jeová reúnem-se após o pôr do sol, segundo o horário de cada região do mundo, no dia do actual calendário que corresponda ao antigo décimo quarto dia do mês de Nisã. Estas reuniões são realizadas no Salão do Reino local ou, caso a assistência esperada exceda a sua lotação, em salas alugadas para o efeito. Não é usada qualquer decoração especial ou adereços específicos, apesar de, especialmente no caso de salas alugadas, haver a preocupação de tornar o local digno para o evento. É colocada uma tribuna para o orador, usualmente com amplificação sonora, e uma mesa que contém os emblemas da Comemoração, ou seja, o prato com o pão ázimo, ou não levedado, e uma taça com vinho puro de uva, sem aditivos. Caso a assistência seja numerosa, o número dos emblemas poderá aumentar para permitir que a passagem entre os presentes se efectue em cerca de dez minutos.

A reunião dura cerca de uma hora e é constituída por uma palestra à base da Bíblia onde o orador recorda os eventos daquela noite de 14 de Nisã de 33 EC, segundo acronologia das Testemunhas. São destacados os atos de amor de Jeová e de Jesus e como estes beneficiam a humanidade escravizada ao pecado. A doutrina do resgate é considerada com pormenor, apresentando-se argumentos que relacionam o sacrifício de Jesus Cristo com a salvação da humanidade. Descreve-se também a crença de que apenas 144.000 pessoas, ungidas ou escolhidas, serão ressuscitadas para uma vida imortal no céu, junto com Cristo, com o objetivo de reinarem sobre a Terra. Para os restantes da humanidade, é apresentada a esperança de uma vida eterna na Terra, sob a liderança desse Reino de Deus.

Perto do final da palestra, é então iniciada a Comemoração propriamente dita sendo que, após uma oração proferida por um ancião local, o pão é passado por todos os presentes na assistência. O mesmo procedimento é seguidamente efetuado quanto ao vinho.
A reunião começa e termina com oração e cânticos apropriados à ocasião. Entendem assim repetir algo que o próprio Cristo fez junto com os apóstolos fiéis, conforme o seguinte relato:
    Mateus 26:30
"Por fim, depois de cantarem louvores, saíram para o Monte das Oliveiras." (TNM)

O pão e o vinho emblemáticos
O pão ázimo ou não fermentado e o vinho sem aditivos, representam respectivamente o corpo imaculado de Cristo e o seu sangue derramado em redenção dos humanos. São assim símbolos ou emblemas da vida perfeita do Cristo, ou Messias, o Filho de Deus, que ele entregou voluntariamente. As Testemunhas de Jeová rejeitam a doutrina da transubstanciação, a crença das grandes denominações ditas cristãs, segundo a qual após a consagração do pão e do vinho pelo sacerdote, estes se transformam literalmente na substância do corpo e do sangue de Cristo. Também rejeitam a doutrina da consubstanciação, a idéia que a sua carne e seu sangue se combinam com o pão e o vinho.

Para as Testemunhas, o pão e o vinho usados são meramente ilustrativos ou emblemáticos, ou seja, representam o corpo e o sangue do Cristo, mas não possuem qualquer poder milagroso ou similar.

Participantes dos emblemas
As Testemunhas crêem que apenas os homens e mulheres ungidos com espírito santo, portanto pertencentes à classe dos 144.000, devem tomar dos emblemas. Baseiam esta doutrina nos seguintes versículos bíblicos:
    Lucas 22:28-29
"No entanto, vós sois os que ficastes comigo nas minhas provações; e eu faço convosco um pacto, assim como meu Pai fez comigo um pacto, para um reino." (TNM)
Estas palavras foram proferidas por Jesus aos seus onze apóstolos fiéis. Para as Testemunhas, isto indica que os que tomam dos emblemáticos pão e vinho entram numa relação pactuada com Jesus, para reinarem com ele. Segundo elas, o número e a função destes escolhidos são indicados nos seguintes textos:
    Lucas 12:32
"Não temas, pequeno rebanho, porque vosso Pai aprovou dar-vos o reino." (TNM)
    Revelação 5:9-10
"Digno és de tomar o rolo e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste pessoas para Deus, dentre toda tribo, e língua, e povo, e nação, e fizeste deles um reino e sacerdotes para o nosso Deus, e hão de reinar sobre a terra." (TNM)
    Revelação 14:1-5
"E eu vi, e eis o Cordeiro em pé no monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que têm o nome dele e o nome de seu Pai escrito nas suas testas. [...] E ninguém podia aprender esse cântico, exceto os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. [...] Estes foram comprados dentre a humanidade como primícias para Deus e para o Cordeiro, e não se achou falsidade na sua boca; não têm mácula." (TNM)
Assim, caso se encontre alguém na assistência que creia pertencer a este grupo, ou "pequeno rebanho" conforme a terminologia encontrada em Lucas 12:32 acima transcrito, ele ou ela comerá parte do pão e beberá um pouco de vinho. Isso indicará aos restantes que tal pessoa possui uma esperança de reinar com Cristo nos céus. Se existirem na congregação anciãos que já tomam dos emblemas por vários anos e ainda possuem capacidade para discursar, geralmente serão os convidados para proferir a palestra e as orações. No entanto, isso não acontece na vasta maioria das congregações das Testemunhas, conforme se pode verificar pelo facto de em 2007 terem comparecido à Comemoração da Morte de Cristo um total de 17.672.443 pessoas sendo que uma minoria de 9.105 tomaram dos emblemas, ou seja, apenas cerca de 0,05 por cento da assistência mundial.
As Testemunhas de Jeová que não possuem esta esperança celestial, ou seja, não consideram fazer parte do "pequeno rebanho", crêem pertencer a um grupo de "outras ovelhas", conforme as palavras de Jesus:
    João 10:16
"E tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco; a estas também tenho de trazer, e elas escutarão a minha voz e se tornarão um só rebanho, um só pastor." (TNM)
Para tais estará reservada a vida eterna na Terra, conforme entendem da seguinte promessa bíblica:
    Salmos 37:29
"Os próprios justos possuirão a terra e residirão sobre ela para todo o sempre." (TNM)
Entendem que, a existir uma classe de governantes celestiais, deverá existir um grupo muito superior de súditos terrestres. Assim, ao passar pela sua frente o pão e o vinho, o acto de não tomar deles revela esta sua esperança. Apesar de não participarem dos emblemas durante a Comemoração, estes assistentes consideram ser um privilégio estarem presentes naquele dia como observadores apreciativos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Comemoração_da_Morte_de_Cristo

+ no site:
http://testemunhas.wikia.com/wiki/Comemoração_da_Morte_de_Cristo
 
posted by Charles...

Um comentário:

  1. .
    Cheguei à conclusão que foi no ano trinta, em que Cristo morreu e ressuscitou, porque o nosso calendário gregoriano está ERRADO, e não começa no dia em que Cristo nasceu, mas uns anos depois. Penso que Jesus nasceu no ano -4 do calendário gregoriano. Como não há ano 0, a morte dá para o ano 30 (30 + 4 - 1 = 33).




    Suponho que Cristo morreu com 33 anos e meio.




    Estou convencido de que Cristo foi morto na tarde do dia 3 de Abril do ano 30 gregoriano, que corresponde ao 14 de nisan do ano 3790 judaico, numa 4ª feira.

    http://mb-soft.com/believe/ttxm/calend78.htm
    https://cronologiadabiblia.wordpress.com/2011/10/16/ano-30-dc-14-de-nisan-%e2%80%93-quarta-feira-a-crucificacao/
    http://pt.calcuworld.com/conversores/conversor-de-datas-calendario-hebreu/

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